Torre Bela (Thomas Harlan, 1977)
De facto, a 2 de Abril, a Guarda Republicana obrigou à evacuação de Torre Bela com unidades blindadas restituindo o castelo ao seu “proprietário legítimo”, Diogo de Bragança, Duque de Lafões.
No dia 23 de Abril de 1975, cinco semanas depois do golpe de 11 de Março e dois dias antes do aniversário da revolução 500 desempregados da região de Manique, no Ribatejo (ex-trabalhadores agrícolas, antigos imigrados que voltaram ao país, reincidentes, bêbedos, prisioneiros políticos libertados), juntam-se num movimento campesino e ocupam as quatro propriedades de Dom Manuel de Bragança, o Duque de Lafões. Antiga propriedade de exploração agrícola, Torre Bela não é mais do que uma imensa reserva de caça alugada aos amigos da família e lugar de encontro da polícia política secreta, a PIDE, com a CIA e os serviços sul-africanos.
Ainda que a ocupação de Torre Bela seja apenas um caso de entre muitos outros a “Comuna de 23 de Abril” distingue-se por duas características:
- Célula de esquerda num tecido de direita: enquanto que a maior parte das ocupações se fizeram no Sul de Portugal (no Alentejo, região de tradição de lutas de operários comunistas), o Ribatejo constituiu sempre uma zona reservada à direita. (Centro de recrutamento do CAP, união de pequenos proprietários de Rio Maior).
- Aliança radical dos conselhos de soldados-camponeses: enquanto que a maior parte das ocupações desembocam em cooperativas do partido comunista e são organizadas por este, os ocupantes expulsaram, desde o início, todos os representantes de partidos políticos, assim como os do Estado representados pelo Instituto para a Reforma Agrária, o IRA, e o Ministério da Agricultura.
Torre Bela tornou-se assim uma excepção quase absoluta de ocupação selvagem e de poder popular, como tal atrairá a cólera do governo provisório.
Ao contrário do último golpe, dessa vez coroado de sucessos do 25 de Abril de 1975, a metade das forças blindadas do Centro vencerá os muros do cerco: a comissão dos trabalhadores será travada.
Na Primavera de 1976 os prisioneiros libertados voltam à comuna. A ocupação é legalizada pouco tempo depois.
No Verão de 1976 os ocupantes arroteiam mais de 500 hectares de terra, retomam, formando uma manada com 200 bois, a produção de vinho e de madeira de eucalipto e criam uma escola primária.
Em Março de 1979 a comuna conta com 52 trabalhadores e outro tanto de crianças e velhos.
Mas no Inverno de 1978 depois de uma diligência do Duque de Lafões para obter, junto do Ministério da Agricultura, a anulação da nacionalização e a restituição dos seus bens, uma decisão ministerial pronuncia-se em favor dos antigos proprietários.
Era esperada uma decisão definitiva no mês de Junho de 1979.
- Célula de esquerda num tecido de direita: enquanto que a maior parte das ocupações se fizeram no Sul de Portugal (no Alentejo, região de tradição de lutas de operários comunistas), o Ribatejo constituiu sempre uma zona reservada à direita. (Centro de recrutamento do CAP, união de pequenos proprietários de Rio Maior).
- Aliança radical dos conselhos de soldados-camponeses: enquanto que a maior parte das ocupações desembocam em cooperativas do partido comunista e são organizadas por este, os ocupantes expulsaram, desde o início, todos os representantes de partidos políticos, assim como os do Estado representados pelo Instituto para a Reforma Agrária, o IRA, e o Ministério da Agricultura.
Torre Bela tornou-se assim uma excepção quase absoluta de ocupação selvagem e de poder popular, como tal atrairá a cólera do governo provisório.
Ao contrário do último golpe, dessa vez coroado de sucessos do 25 de Abril de 1975, a metade das forças blindadas do Centro vencerá os muros do cerco: a comissão dos trabalhadores será travada.
Na Primavera de 1976 os prisioneiros libertados voltam à comuna. A ocupação é legalizada pouco tempo depois.
No Verão de 1976 os ocupantes arroteiam mais de 500 hectares de terra, retomam, formando uma manada com 200 bois, a produção de vinho e de madeira de eucalipto e criam uma escola primária.
Em Março de 1979 a comuna conta com 52 trabalhadores e outro tanto de crianças e velhos.
Mas no Inverno de 1978 depois de uma diligência do Duque de Lafões para obter, junto do Ministério da Agricultura, a anulação da nacionalização e a restituição dos seus bens, uma decisão ministerial pronuncia-se em favor dos antigos proprietários.
Era esperada uma decisão definitiva no mês de Junho de 1979.
De facto, a 2 de Abril, a Guarda Republicana obrigou à evacuação de Torre Bela com unidades blindadas restituindo o castelo ao seu “proprietário legítimo”, Diogo de Bragança, Duque de Lafões.